Crise acelera mudanças!

A crise económica internacional tem intensificado as mudanças estruturais no sector têxtil e de vestuário, resultando na eliminação de milhões de postos de trabalho. Para além da queda na procura, também o fenómeno fast-fashion, a consolidação das redes de aprovisionamento e o melhor controlo dos inventários contribuíram para esta quebra.
Um estudo realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que foram perdidos entre 11 a 15 milhões de empregos nos sectores têxtil e de vestuário ao nível mundial durante a primeira fase crítica da recessão internacional. As maiores perdas foram registadas na China, com cerca de 10 milhões de postos de trabalho, seguida por Índia, Paquistão, Indonésia e México.

O relatório também salienta que as estimativas de perdas de postos de trabalho por grupos e associações de fabricantes da indústria têxtil são muitas vezes superiores às estimativas dos sindicatos. No caso da Índia, por exemplo, o documento observa que enquanto o Ministério dos Têxteis e os sindicatos do sector em geral colocam o número de perdas de postos de trabalho em cerca de 300.000 a 500.000, a Confederação Indiana da Indústria estimou que foram perdidos 1 milhão de empregos.

O relatório da OIT defende, no entanto, que as causas não são claras para grande parte do número de postos de trabalho em todo o mundo. «O padrão destes encerramentos e despedimentos não pode ser explicado apenas pela queda na procura de exportação», refere o documento. O relatório também afirma que «a consolidação das cadeias de aprovisionamento está a tornar mais difícil para os pequenos produtores de vestuário manterem-se viáveis no mercado global».

Em paralelo com o fim das quotas internacionais em 2005, o relatório considera que o aparecimento da fast-fashion e um melhor controlo de inventário levam os compradores a procurar, cada vez mais, fornecedores que consigam aprovisionar matérias-primas, coordenar a logística e operar em locais que permitem ciclos de entrega mais curtos.

Os principais compradores estão cada vez mais a afastar-se da subcontratação de muitas empresas pequenas, optando por um menor número de “fornecedores estratégicos”, quer sejam grupos de produção ou agentes, que controlem a produção em várias fábricas e localizações internacionais, proporcionando serviços de maior valor acrescentado, segundo a OIT. «As marcas, cada vez mais, não fazem decisões de aprovisionamento numa base de país a país, mas seleccionam empresas com quem trabalham», refere o relatório.

O estudo também concluiu que os retalhistas de desconto e fast-fashion estão a “superar” os especialistas tradicionais do vestuário e as lojas de departamento. Por fim, lista numerosas respostas obtidas por governos e associações da indústria para ajudar as indústrias problemáticas a competir e para conter a perda de mais empregos.

De igual forma, o documento observa que o Conselho Estatal da China está a oferecer apoio financeiro aos produtores de têxteis e a pressionar as instituições financeiras a aumentarem os empréstimos de crédito aos produtores do sector, especialmente aos de pequena e média dimensão. O relatório refere ainda que o governo de Marrocos disponibilizou um pacote de apoio de 100 milhões de dólares, que inclui o cancelamento de impostos sobre os salários e a oferta de garantias governamentais para as empresas que procuram empréstimos bancários.

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