Acredite: isso é uma loja

Fonte: Revista Isto é Dinheiro Nº edição: 714 | Especial | 10.JUN - 21:00

O empresário gaúcho André Krai inovou com a criação de uma rede de franquia em contêineres. Agora, quer expandir os negócios, abrindo hotéis no mesmo formato

Por Rafael Freire

Em 2007, o empresário gaúcho André Krai, de 40 anos, perdeu o avião que o traria de volta ao Brasil depois de uma viagem à China. Por conta disso, precisou pegar outro voo com uma escala de 12 horas em Cingapura. O que parecia uma “grande cilada” (versão anos 2011 para a velha e boa expressão “grande mico”)  acabou se tornando o passo inicial para a guinada de sua vida profissional. No país asiático, uma loja instalada dentro de um boxe de metal lhe chamou a atenção. 



Krai, que já era proprietário de uma pequena grife de roupas, a Intuição, vislumbrou a possibilidade de montar uma rede varejista em um formato prático, rentável e barato. “Depois que vi aquela loja não consegui tirar a ideia da cabeça”, diz ele à DINHEIRO. Ao chegar ao Brasil, o empresário percebeu que a melhor alternativa era a utilização de contêineres usados. Com esses equipamentos, ele abriu as primeiras seis lojas na região Sul: três em Santa Catarina e o restante no Rio Grande do Sul.  
O investimento de R$ 3 milhões acabou despertando a atenção dos amigos. No ano passado, um deles pediu para replicar o modelo em Joinville, no norte de Santa Catarina. Essa unidade foi embrião do projeto de franquia da Container Ecology Store, que já conta com 40 lojas espalhadas pelo País. A expectativa é de crescer 142%, fechando o ano com 97 unidades e um faturamento de R$ 40 milhões. 
 
 
O crescimento será facilitado pelo modelo de negócio criado pelo empreendedor. A começar pelo baixo investimento: entre R$ 100 mil e R$ 250 mil. Todo o processo é feito pela equipe comandada por Krai. Da licença na prefeitura e aluguel do terreno até a montagem da unidade. Ao franqueado cabe apenas assinar o cheque e abastecer a loja com peças feitas por grifes ca-suais e descoladas. 
 
A taxa de franquia é de até R$ 2 mil por mês. Carina Lima, que administra uma loja Santa Maria (RS), foi uma das primeiras a embarcar nesse projeto. “Ao todo investi R$ 350 mil, e o retorno aconteceu em apenas cinco meses”, afirma a empresária que fatura R$ 70 mil líquido por mês. Para viabilizar o projeto, Krai possui bases espalhadas em sete portos brasileiros, onde os contêineres são preparados para receber o mobiliário. 
 
Depois de se firmar no segmento de franquias de roupas, Krai, agora, mira o setor hoteleiro. A ideia é utilizar o mesmo conceito das lojas. As três primeiras unidades serão inauguradas em novembro em São Paulo e Ribeirão Preto, em São Paulo, e Macaé, no Rio de Janeiro. Os hotéis terão entre 24 quartos e 128 quartos. O custo de cada unidade varia de R$ 700 mil a R$ 3 milhões. Já o retorno do investimento não será tão rápido quanto o de uma loja Container. Krai imagina que o lucro bruto será de R$ 70 mil. “É um investimento de longo prazo”, afirma o gaúcho, que pretende fechar 2012 com 30 hotéis. 
 
As diárias deverão custar R$ 70. Para Silvio Laban, professor de marketing do Insper, o grande desafio de Krai, será acertar o púbico-alvo. “O País está precisando de hotéis populares, principalmente para quem viaja a trabalho”, diz ele. O momento de apostar nesse nicho, ao que parece, não poderia ser mais apropriado. A taxa de ocupação média da rede hoteleira hoje, está em 85%, no Rio de Janeiro, e 70%, em São Paulo. A ampliação dos negócios em cidades do eixo Norte-Nordeste vem fazendo com que os profissionais viagem mais. 
 
E é nesse nicho que Krai deveria mirar, de acordo com Roberto Fialkovits, professor de negociação empresarial da BBS Bussines School. “Oferecendo um bom custo/benefício, ele pode fazer convênio com empresas para atender executivos que viajam constantemente”, afirma Fialkovits.

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