Capa do Relatório "The State of Fashion 2025"
Publicado em: 11 de novembro de 2024
Por: Imran Amed, Gemma D’Auria, BoF Insights & McKinsey & Company
Ilustração de Marie Victoire de Bascher para BoF
Principais Conclusões
- 80% dos executivos de moda não esperam melhorias para o setor em 2025.
- A sustentabilidade perdeu prioridade, sendo considerada risco por apenas 18% (em 2024 eram 29%).
- 70% dos líderes citam a falta de confiança e apetite do consumidor como principal ameaça ao crescimento.
2025: um ano de instabilidade e transição
A indústria da moda enfrentará um dos períodos mais desafiadores de sua história recente. A tão temida desaceleração econômica chegou de vez. Após anos de inflação elevada, os consumidores estão mais sensíveis a preços, enquanto fenômenos como a ascensão dos "dupes", o agravamento da crise climática e a reestruturação do comércio global impactam todo o setor.
Apesar do ambiente desfavorável, ainda há espaço para crescimento, especialmente para as marcas que souberem se adaptar com agilidade.
10 Temas que Guiarão a Moda em 2025
1. Comércio Reconfigurado - A busca por fornecedores em países politicamente alinhados se intensifica. O foco será na diversificação da produção e no nearshoring (produção mais próxima dos mercados consumidores).
2. Novos Motores Asiáticos - Com a desaceleração da China, o foco se volta para Índia, Japão e Coreia do Sul, mercados com consumo crescente e boom de luxo.
3. Redescoberta da Descoberta - O excesso de opções prejudica a experiência online. A curadoria via inteligência artificial será essencial para atrair e converter consumidores.
4. Silver Spenders - A geração 50+ ganha destaque como novo motor de consumo global. As marcas que dialogarem com esse público terão vantagem competitiva.
5. Mudança de Valor - Consumidores seguem cautelosos, impulsionando o crescimento de segmentos como revenda, off-price e produtos dupe.
6. O Lado Humano das Vendas - A retomada das lojas físicas exige vendedores treinados e capazes de oferecer experiências únicas e inspiradoras.
7. Marketplace em Crise - Plataformas online não-luxuosas enfrentam perda de relevância e modelo de negócio ameaçado.
8. Disputa no Sportswear - Marcas desafiadoras (challenger brands) estão dominando a rentabilidade do setor. Inovação e narrativas autênticas serão vitais.
9. Excelência em Estoque - A gestão de inventário se torna crítica com pressões de margem e sustentabilidade. Tecnologia será aliada para cadeias ágeis.
10. Coletivo da Sustentabilidade - Mesmo com menor disposição de compra, a crise climática exige ação coletiva. A sustentabilidade deve permanecer como pilar estratégico de longo prazo.
Onde estão as oportunidades?
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Europa: retomada do turismo e inflação em queda.
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EUA: consumidores de alta renda mantêm estabilidade.
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Ásia: Japão, Índia e Coreia do Sul despontam como novas potências.
As marcas devem localizar estratégias, ampliar faixas de preço e reposicionar seus discursos. A experiência em loja, a integração digital e o foco em novos perfis de consumo (como os 50+) serão diferenciais cruciais.
Brasil 2025: Entre Riscos Econômicos e Oportunidades Criativas no Mercado de Moda
Perspectiva Nacional Alinhada ao Relatório Global “The State of Fashion 2025”
O mercado de moda brasileiro em 2025 enfrentará um cenário ambíguo, refletindo muitos dos desafios globais descritos no relatório da BoF e McKinsey, mas também abrindo janelas de oportunidade locais, impulsionadas pela criatividade, pela força produtiva nacional e pelo interesse crescente por valor e originalidade.
Cenário Econômico e Comportamental
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A inflação local deve se manter sob controle, mas o baixo poder de compra da classe média continuará freando o consumo de moda.
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A moda acessível, a revenda (resale) e o segmento off-price devem ganhar ainda mais força, especialmente nas plataformas digitais.
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O consumidor brasileiro tende a ser influenciado por tendências globais, mas exige identificação emocional e narrativa local.
Oportunidades para Marcas Brasileiras
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A "Silver Generation" (público 50+) no Brasil ainda é pouco explorada pela moda, representando um nicho em crescimento, com poder aquisitivo e desejo de consumo com propósito.
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O avanço do varejo digital e o uso de IA para personalização de experiências e curadoria ainda está em estágio inicial, o que abre espaço para inovação pioneira no mercado nacional.
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O setor de moda autoral, sustentável e com identidade regional poderá ganhar força, especialmente em marketplaces curados, feiras autorais e e-commerces de nicho.
Produção e Cadeia de Suprimentos
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Com o real relativamente desvalorizado e o alto custo de importação, cresce a tendência de valorização da cadeia produtiva nacional: confecções locais, costureiras independentes e pequenos fornecedores serão mais procurados.
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A descentralização da produção para estados do Norte e Nordeste pode ganhar fôlego com incentivos e o movimento de nearshoring interno.
Sustentabilidade: Percepção x Ação
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A sustentabilidade ainda é vista como diferencial e não como prioridade de mercado no Brasil.
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O consumidor brasileiro tem interesse no tema, mas baixa disposição para pagar mais. Portanto, será essencial trabalhar o discurso com educação, transparência e storytelling emocional.
O Brasil não está imune às turbulências globais do setor de moda, mas apresenta vantagens competitivas únicas: criatividade autêntica, mão de obra especializada e uma das cadeias produtivas mais completas do Ocidente.
Em um cenário de incerteza, quem conseguir traduzir propósito em produto acessível e experiência real terá vantagem.
“O antigo manual não funciona mais. A indústria precisará de uma nova fórmula de diferenciação e crescimento.”
— The State of Fashion 2025
📎 Para ler o relatório completo (em inglês):
👉 The State of Fashion 2025 – Business of Fashion
