Resgatando os Imortais da Moda Brasileira – Uma Chamada à Nossa Identidade Global

A moda brasileira possui uma riqueza cultural e criativa inexplorada, especialmente quando olhamos para os imortais da Academia Brasileira da Moda. Muitos desses nomes, que outrora moldaram a identidade estilística do país, são pouco falados no cenário atual, apesar de sua relevância histórica. Rui Spohr, João Braga, Luiz de Freitas e outros imortais não apenas criaram moda, mas representaram o Brasil por meio de seus trabalhos únicos e regionais. Suas criações estavam enraizadas no que havia de mais genuíno: os materiais locais, o acesso limitado à cadeia de suprimentos global, e, acima de tudo, uma criatividade autêntica que falava diretamente às suas culturas regionais.

(Rui Spohr com a família após a cerimônia do título de imortal da academia brasileira da moda)

Hoje, como podemos resgatar essa grandiosidade?

Como provocação, lançamos um desafio aos estilistas, estudantes e jornalistas: querem encontrar a verdadeira identidade brasileira? Voltem às raízes desses imortais. Olhem para o que eles fizeram com o que tinham à disposição, entendam o impacto de suas criações em suas regiões, e se inspirem no que pode ser feito agora, num Brasil moderno, global, mas igualmente rico em diversidade cultural e material.

Uma Moda Regional e Autêntica

Cada um desses imortais trabalhou em contextos específicos, utilizando materiais disponíveis localmente, como tecidos regionais, bordados artesanais e técnicas tradicionais. Eles criaram moda para suas comunidades, ao mesmo tempo em que projetaram a imagem de suas regiões para o país e para o mundo. Por exemplo:

1. Rui Spohr, no sul do Brasil, Foi o primeiro brasileiro a estudar moda em Paris, e quando voltou lançou mulheres como manequins para marcas globais. Um dos exemplos mais notáveis foi a modelo Lucia Curia, que se tornou uma das principais manequins de Chanel e Valentino. Enquanto usava tecidos que representavam a sofisticação gaúcha, Rui utilizava de técnicas e das habilidades locais, das pinturas em tecidos, plissados originais, fora sua habilidade em utilizar roupas e sapatos , forrando-os com tecidos ( criatividade e sustentabilidade ja andavam juntos)

1. Luiz de Freitas, revolucionário na moda masculina, trouxe cor e liberdade para um Brasil conservador, sempre respeitando a acessibilidade local e a necessidade de se fazer diferente.

1. João Braga dedicou-se à preservação e documentação da história da moda brasileira. Como historiador, ele tem sido fundamental para educar gerações sobre o passado da moda no Brasil, suas raízes culturais e a influência das tradições regionais. Braga não apenas registra a evolução da moda, mas também destaca como o Brasil desenvolveu uma identidade única no cenário global. Ele publicou diversos livros e ministra cursos que são referência para estudantes e profissionais da moda, tornando-se um dos maiores estudiosos do tema no país.

Um Chamado ao Futuro: A Moda Brasileira Como Referência Global

Provocamos: se queremos uma identidade brasileira de moda reconhecida globalmente, precisamos olhar para o que esses imortais representaram e entender como resgatar essa essência para os dias atuais. O que cada região do Brasil tem a oferecer em termos de materiais, técnicas e cultura? Como a moda pode continuar sendo um reflexo do que somos, enquanto projetamos uma imagem moderna e inovadora para o mundo?

Essa reflexão não é apenas um exercício histórico. Trata-se de construir o futuro da moda brasileira com base em suas raízes, de celebrar o que temos de mais autêntico e projetar isso globalmente. Que estilistas e criadores atuais sejam inspirados a resgatar e dar voz a essas histórias, trazendo as raízes da moda brasileira para o centro das conversas globais.

Precisamos fazer essa provocação ao futuro. É hora de colocar em prática esse resgate cultural e criativo para que o Brasil encontre seu lugar no cenário global de moda, de maneira autêntica e inovadora, utilizando de toda sua criatividade e comportamentos únicos.

A Importância da Academia Brasileira da Moda

A Academia Brasileira da Moda é de extrema importância para a preservação e valorização da história da moda no Brasil. Ao eleger imortais, a academia não apenas celebra os indivíduos, mas também reforça a necessidade de documentar e refletir sobre a evolução da moda no país. A moda brasileira, diferente de centros globais como Paris ou Milão, está ainda em processo de construção de uma identidade própria, e a academia desempenha um papel crucial em solidificar essa base cultural.

Infelizmente, muitos dos grandes nomes que fizeram história na moda nacional acabam esquecidos ou não recebem o devido reconhecimento na mídia atual. A academia se apresenta como uma instituição vital para reverter esse cenário, trazendo para o presente os feitos e legados desses profissionais. A celebração da creatividade genuína e regional, o uso de materiais locais e o respeito às tradições artesanais são valores que esses imortais carregaram e que merecem ser resgatados e revisitados.

A Academia Brasileira da Moda foi fundada como parte do Instituto Zuzu Angel, sendo a primeira ONG de moda no país. Mais do que um grupo de homenagens , é um movimento para garantir que a moda brasileira continue a ser valorizada não apenas pelas tendências globais, mas por sua rica história, diversidade cultural e inovação regional.

Re Chaves.